quinta-feira, 8 de setembro de 2011

1º e 2º ANOS: EMBRIOLOGIA ANIMAL- TEXTO COMPLEMENTAR

TEXTO COMPLEMENTAR
                                                        O QUE VEIO PRIMEIRO?

“O corpo existe e pode ser pego.
É suficientemente opaco para que se possa vê-lo.
Se ficar olhando anos você pode ver crescer cabelo.
O corpo existe porque foi feito.
Por isso tem um buraco no meio.
O corpo existe, dado que exala cheiro.
E em cada extremidade existe um dedo.
O corpo se cortado espirra um líquido vermelho.
O corpo tem alguém como recheio.”
Cada verso da poesia de Arnaldo Antunes transcrita acima poderia servir de tema para boas discussões sobre fisiologia humana.
Vamos nos ater, porém, à quinta linha: “Por isso tem um buraco no meio”.
Podemos arriscar uma interpretação científica para esse “buraco” descrito pelo poeta? Penso que sim. Segundo o texto, o buraco existe por que o corpo foi feito. Como assim “foi feito”?
Já falamos um pouco nesta seção sobre o processo de formação do embrião de um mamífero (no caso, o embrião de um cão, no CBME InFormação 4). Uma das características comuns aos embriões de todos os mamíferos é a presença de celoma.
Ou seja, no início da vida de todos os animais da classe mamália, inclusive o Homem, há a formação de uma cavidade, delimitada pela mesoderme, chamada celoma (cele significa “cavidade”). No indivíduo adulto, o celoma dá lugar à cavidade geral do corpo, que aloja diversos orgãos do animal.
Se, por acaso, interpretarmos esse “buraco no meio” não como uma cavidade no interior do organismo mas como um outro tipo de buraco, a história é diferente. Por exemplo, o ânus, nos mamíferos origina-se do blastóporo, uma abertura surgida no início do desenvolvimento embrionário e que serve de canal de comunicação entre o feto e o meio externo.
Animais cujo blastóporo oririgina o ânus são chamados deuterostômios e incluem todos os cordados e equinodermas. A outra possibilidade é que essa abertura origine a boca. É o caso dos protostômios.
Mais polêmico e filosófico é o último verso: “O corpo tem alguém como recheio”. Pense nisso!

Nenhum comentário:

Postar um comentário