sábado, 29 de outubro de 2016

2ºANOS- SEMINÁRIOS: LABORATÓRIO

Material do Laboratório, caso algum grupo queira usar.



SISTEMA RESPIRATÓRIO


SISTEMA CIRCULATÓRIO



SISTEMA EXCRETOR





quarta-feira, 31 de agosto de 2016

2º ANOS- EMBRIOLOGIA: COMPLEMENTAÇÃO


EMBRIOLOGIA- TEXTO COMPLEMENTAR
                                                        
                                                        O QUE VEIO PRIMEIRO?


“O corpo existe e pode ser pego.
É suficientemente opaco para que se possa vê-lo.
Se ficar olhando anos você pode ver crescer cabelo.
O corpo existe porque foi feito.
Por isso tem um buraco no meio.
O corpo existe, dado que exala cheiro.
E em cada extremidade existe um dedo.
O corpo se cortado espirra um líquido vermelho.
O corpo tem alguém como recheio.”
Cada verso da poesia de Arnaldo Antunes transcrita acima poderia servir de tema para boas discussões sobre fisiologia humana.
Vamos nos ater, porém, à quinta linha: “Por isso tem um buraco no meio”.
Podemos arriscar uma interpretação científica para esse “buraco” descrito pelo poeta? Penso que sim. Segundo o texto, o buraco existe por que o corpo foi feito. Como assim “foi feito”?
Já falamos um pouco nesta seção sobre o processo de formação do embrião de um mamífero (no caso, o embrião de um cão, no CBME InFormação 4). Uma das características comuns aos embriões de todos os mamíferos é a presença de celoma.
Ou seja, no início da vida de todos os animais da classe mamália, inclusive o Homem, há a formação de uma cavidade, delimitada pela mesoderme, chamada celoma (cele significa “cavidade”). No indivíduo adulto, o celoma dá lugar à cavidade geral do corpo, que aloja diversos orgãos do animal.
Se, por acaso, interpretarmos esse “buraco no meio” não como uma cavidade no interior do organismo mas como um outro tipo de buraco, a história é diferente. Por exemplo, o ânus, nos mamíferos origina-se do blastóporo, uma abertura surgida no início do desenvolvimento embrionário e que serve de canal de comunicação entre o feto e o meio externo.
Animais cujo blastóporo oririgina o ânus são chamados deuterostômios e incluem todos os cordados e equinodermas. A outra possibilidade é que essa abertura origine a boca. É o caso dos protostômios.
Mais polêmico e filosófico é o último verso: “O corpo tem alguém como recheio”. Pense nisso...




Folhetos Embrionários: tipos e funções




Folhetos embrionários: tipos e funções.
As células dos três folhetos embrionários - ectoderme, mesoderme e endoderme - sofrerão um processo de diferenciação, de acordo com as funções que cumprirão no organismo adulto.
Nos vertebrados, os tecidos, órgãos e sistemas originam-se conforme a tabela abaixo:


Folheto
     
Estrutura do embrião

Estrutura no adulto
Ectoderme
  • camada celular externa
  • tubo neural (nervoso)
  • cristalino dos olhos
  • epiderme
  • anexos da epiderme: pelos, glândulas, etc
  • revestimento interno da boca e do ânus
  • esmalte dos dentes
  • receptores sensitivos
  • encéfalo, gânglios e medula espinhal
Mesoderme
  • somitos:

epímero (dorsal)
mesômero (médio)
hipômero (ventral)
  • vértebras
  • derme
  • tecido muscular
  • tecido ósseo
  • sistema circulatório
  • aparelho urogenital
Endoderme
revestimento do arquêntero
revestimento interno do aparelho digestório
revestimento interno do aparelho respiratório
revestimento interno da bexiga, fígado e pâncreas


  • Reino  METAZOA    Animais  -  Filos:




 







2º ANOS- EMBRIOLOGIA: COMPLEMENTAÇÃO


EMBRIOLOGIA- TEXTO COMPLEMENTAR
                                                        
                                                        O QUE VEIO PRIMEIRO?


“O corpo existe e pode ser pego.
É suficientemente opaco para que se possa vê-lo.
Se ficar olhando anos você pode ver crescer cabelo.
O corpo existe porque foi feito.
Por isso tem um buraco no meio.
O corpo existe, dado que exala cheiro.
E em cada extremidade existe um dedo.
O corpo se cortado espirra um líquido vermelho.
O corpo tem alguém como recheio.”
Cada verso da poesia de Arnaldo Antunes transcrita acima poderia servir de tema para boas discussões sobre fisiologia humana.
Vamos nos ater, porém, à quinta linha: “Por isso tem um buraco no meio”.
Podemos arriscar uma interpretação científica para esse “buraco” descrito pelo poeta? Penso que sim. Segundo o texto, o buraco existe por que o corpo foi feito. Como assim “foi feito”?
Já falamos um pouco nesta seção sobre o processo de formação do embrião de um mamífero (no caso, o embrião de um cão, no CBME InFormação 4). Uma das características comuns aos embriões de todos os mamíferos é a presença de celoma.
Ou seja, no início da vida de todos os animais da classe mamália, inclusive o Homem, há a formação de uma cavidade, delimitada pela mesoderme, chamada celoma (cele significa “cavidade”). No indivíduo adulto, o celoma dá lugar à cavidade geral do corpo, que aloja diversos orgãos do animal.
Se, por acaso, interpretarmos esse “buraco no meio” não como uma cavidade no interior do organismo mas como um outro tipo de buraco, a história é diferente. Por exemplo, o ânus, nos mamíferos origina-se do blastóporo, uma abertura surgida no início do desenvolvimento embrionário e que serve de canal de comunicação entre o feto e o meio externo.
Animais cujo blastóporo oririgina o ânus são chamados deuterostômios e incluem todos os cordados e equinodermas. A outra possibilidade é que essa abertura origine a boca. É o caso dos protostômios.
Mais polêmico e filosófico é o último verso: “O corpo tem alguém como recheio”. Pense nisso...




Folhetos Embrionários: tipos e funções




Folhetos embrionários: tipos e funções.
As células dos três folhetos embrionários - ectoderme, mesoderme e endoderme - sofrerão um processo de diferenciação, de acordo com as funções que cumprirão no organismo adulto.
Nos vertebrados, os tecidos, órgãos e sistemas originam-se conforme a tabela abaixo:


Folheto
     
Estrutura do embrião

Estrutura no adulto
Ectoderme
  • camada celular externa
  • tubo neural (nervoso)
  • cristalino dos olhos
  • epiderme
  • anexos da epiderme: pelos, glândulas, etc
  • revestimento interno da boca e do ânus
  • esmalte dos dentes
  • receptores sensitivos
  • encéfalo, gânglios e medula espinhal
Mesoderme
  • somitos:

epímero (dorsal)
mesômero (médio)
hipômero (ventral)
  • vértebras
  • derme
  • tecido muscular
  • tecido ósseo
  • sistema circulatório
  • aparelho urogenital
Endoderme
revestimento do arquêntero
revestimento interno do aparelho digestório
revestimento interno do aparelho respiratório
revestimento interno da bexiga, fígado e pâncreas


  • Reino  METAZOA    Animais  -  Filos:




 









domingo, 28 de agosto de 2016

CÉLULAS-TRONCO: PESQUISA E INFORMAÇÃO



Vitória para a Ciência:

 Aprovada a utilização de células-tronco embrionárias em pesquisas

O STF (Supremo Tribunal Federal) aprovou dia 29/05/2008 as pesquisas com células-tronco embrionárias no país. O Supremo rejeitou uma ação direta de inconstitucionalidade contra o artigo 5º artigo da Lei de Biossegurança que permite a utilização, em pesquisas, dessas células fertilizadas in vitro e não utilizadas. Segundo a norma, podem ser utilizados apenas os embriões que estejam congelados há três anos ou mais, mediante autorização do casal. O artigo também veta a comercialização do material biológico.
Clonagem terapêutica para obtenção das células-tronco
Se em vez de inserirmos em um útero o óvulo cujo núcleo foi substituído por um de uma célula somática deixarmos que ele se divida no laboratório teremos a possibilidade de usar estas células - que na fase de blastocisto são pluripotentes - para fabricar diferentes tecidos. Isto abrirá perspectivas fantásticas para futuros tratamentos, porque hoje só se consegue cultivar em laboratório células com as mesmas características do tecido do qual foram retiradas. É importante que as pessoas entendam que, na clonagem para fins terapêuticos, serão gerados só tecidos, em laboratório, sem implantação no útero. Não se trata de clonar um feto até alguns meses dentro do útero para depois lhe retirar os órgãos como alguns acreditam. Também não há porque chamar esse óvulo de embrião após a transferência de núcleo porque ele nunca terá esse destino.
Uma pesquisa publicada na revista Science por um grupo de cientistas coreanos (Hwang e col., 2004) confirma a possibilidade de obter-se células-tronco pluripotentes a partir da técnica de clonagem terapêutica ou transferência de núcleos. O trabalho foi feito graças a participação de dezesseis mulheres voluntárias que doaram, ao todo, 242 óvulos e células "cumulus" (células que ficam ao redor dos óvulos) para contribuir com pesquisas visando à clonagem terapêutica. As células cumulus, que já são células diferenciadas, foram transferidas para os óvulos dos quais haviam sido retirados os próprios núcleos. Dentre esses, 25% conseguiram se dividir e chegar ao estágio de blastocisto, portanto, capazes de produzir linhagens de células-tronco pluripotentes.




A clonagem terapêutica teria a vantagem de evitar rejeição se o doador fosse a própria pessoa. Seria o caso, por exemplo, de reconstituir a medula em alguém que se tornou paraplégico após um acidente ou para substituir o tecido cardíaco em uma pessoa que sofreu um infarto. Entretanto, esta técnica tem suas limitações. O doador não poderia ser a própria pessoa quando se tratasse de alguém afetado por doença genética, pois a mutação patogênica causadora da doença estaria presente em todas as células. No caso de usar-se linhagens de células-tronco embrionárias de outra pessoa, ter-se-ia também o problema da compatibilidade entre o doador e o receptor. Seria o caso, por exemplo, de alguém afetado por distrofia muscular progressiva, pois haveria necessidade de se substituir seu tecido muscular. Ele não poderia utilizar-se de suas próprias células-tronco, mas de um doador compatível que poderia, eventualmente, ser um parente próximo.
Além disso, não sabemos se, no caso de células obtidas de uma pessoa idosa afetada pelo mal de Alzheimer, por exemplo, se as células clonadas teriam a mesma idade do doador ou se seriam células jovens. Uma outra questão em aberto diz respeito à reprogramação dos genes que poderiam inviabilizar o processo dependendo do tecido ou do órgão a ser substituído.
Em resumo, por mais que sejamos favoráveis à clonagem terapêutica, trata-se de uma tecnologia que necessita de muita pesquisa antes de ser aplicada no tratamento clínico. Por este motivo, a grande esperança, a curto prazo, para terapia celular, vem da utilização de células-tronco de outras fontes.


Referências: HWANG, S. W.; RYU, Y. J.; PARK, J. H.; PARK, E. S.; LEE, E. G.; KOO, J. M. et al. "Evidence of a Plurpotent Embryonic Stem Cell Line Derived from a Cloned Blastocyst". Scienceexpress, 12 fev. 2004.
Texto adaptado de Zatz, Mayana. "Clonagem e células-tronco". Cienc. Cult., jun. 2004, vol.56, nº 3, pp. 23-27, ISSN 0009-6725.

    
Ilustração de como seria a clonagem humana


O que é clonagem?

A Clonagem é um mecanismo comum de reprodução de espécies de plantas ou bactérias. Um clone pode ser definido como uma população de moléculas, células ou organismos que se originaram de uma única célula e que são idênticas à célula original. Em humanos, os clones naturais são os gêmeos idênticos que se originam da divisão de um óvulo fertilizado.

Voltemos agora à nossa primeira célula resultante da fusão do óvulo e do espermatozoide. Logo após a fecundação, ela começa a se dividir: uma célula em duas, duas em quatro, quatro em oito e assim por diante. Pelo menos até a fase de oito células, cada uma delas é capaz de se desenvolver em um ser humano completo. São chamadas de totipotentes. Na fase de oito a dezesseis células, as células do embrião se diferenciam em dois grupos: um grupo de células externas que vão originar a placenta e os anexos embrionários, e uma massa de células internas que vai originar o embrião propriamente dito. Após 72 horas, este embrião, agora com cerca de cem células, é chamado de blastocisto.




      É nesta fase que ocorre a implantação do embrião na cavidade uterina. As células internas do blastocisto vão originar as centenas de tecidos que compõem o corpo humano. São chamadas de células tronco embrionárias pluripotentes. A partir de um determinado momento, estas células somáticas - que ainda são todas iguais - começam a diferenciar-se nos vários tecidos que vão compor o organismo: sangue, fígado, músculos, cérebro, ossos etc. Os genes que controlam esta diferenciação e o processo pelo qual isto ocorre ainda são um mistério.
O que sabemos é que uma vez diferenciadas, as células somáticas perdem a capacidade de originar qualquer tecido. As células descendentes de uma célula diferenciada vão manter as mesmas características daquela que as originou, isto é, células de fígado vão originar células de fígado, células musculares vão originar células musculares e assim por diante. Apesar de o número de genes e de o DNA ser igual em todas as células do nosso corpo, os genes nas células somáticas diferenciadas se expressam de maneiras diferentes em cada tecido, isto é, a expressão gênica é específica para cada tecido. Com exceção dos genes responsáveis pela manutenção do metabolismo celular (housekeeping genes) que se mantêm ativos em todas as células do organismo, só irão funcionar em cada tecido ou órgão os genes importantes para a manutenção deste. Os outros se mantêm "silenciados" ou inativos.




Texto adaptado de Zatz, Mayana. "Clonagem e células-tronco". Cienc. Cult., jun. 2004, vol. 56, nº 3, pp. 23-27, ISSN 0009-6725.

CÉLULAS-TRONCO
As perguntas mais freqüentes

1 ) O que são células-tronco?
As células-tronco são células que apresentam grande capacidade de proliferação celular e que podem se diferenciar em diversos tipos de células. Assim, elas podem participar da regeneração de órgãos ou tecidos que tenham sofrido uma lesão. Além disso, as células-tronco apresentam a propriedade de auto-renovação, ou seja, gerar cópias idênticas de si mesmas.

2 ) De onde as células-tronco podem ser retiradas?
Há dois tipos de células-tronco: as células-tronco adultas e as células-tronco embrionárias. As células-tronco adultas são aquelas encontradas nos órgãos e tecidos já formados, tanto dos fetos, quanto das crianças e dos adultos. No entanto, as células-tronco adultas, mais facilmente disponíveis e comumente utilizadas na clínica, são as células-tronco presentes na medula óssea e no sangue de cordão umbilical. As células-tronco embrionárias são definidas por sua origem, e são aquelas encontradas desde os primeiros dias após a fecundação até o estágio de blastocisto, o embrião de quatro e cinco dias após a fecundação. As células-tronco embrionárias que são utilizadas para as pesquisas são aquelas provenientes de embriões gerados em clínicas de fertilização, onde o casal doa, para a pesquisa com fins terapêuticos, os blastocistos não utilizados para a fertilização in vitro. O blastocisto é o embrião até antes de ser implantado no útero, que ocorre a partir do sexto dia. O blastocisto compreende a cerca de 100 a 150 células e o seu tamanho corresponde ao pingo deste “ i ”.
3 ) Qual o uso em potencial destas células-tronco para a medicina?
As células-tronco têm sido vista como uma recente esperança terapêutica para o tratamento de inúmeras doenças. A maior importância da terapia celular através do uso das células-tronco está na sua capacidade de plasticidade que é a propriedade de uma célula originar diferentes tipos celulares. Assim, as células-tronco de um tipo de tecido podem originar tipos celulares de tecidos diferentes, em uma nova localidade ou novo órgão. Desta forma, as células-tronco podem ser totipotentes, pluripotentes ou multipotentes. Totipotentes são as células que originam os mais de 200 tipos de tecidos diferentes que formam o organismo humano, incluindo os anexos embrionários (placenta e cordão umbilical). Esse tipo celular corresponde às células presentes no embrião de até 3 dias. Células pluripotentes são aquelas que formam os mais de 200 tipos de tecidos diferentes do corpo humano, mas não são capazes de formar os anexos embrionários. As células presentes no blastocisto são células-tronco pluripotentes. As células multipotentes apresentam uma capacidade mais limitada, originando apenas os tipos celulares de seu tecido de origem como, por exemplo, as células do coração, do rim, entre outras. A maioria das células-tronco adultas são multipotentes.
As células-tronco embrionárias são células não especializadas com alta capacidade de auto-renovação e que podem ser expandidas indefinidamente. Por possuírem grande plasticidade, quando as células-tronco embrionárias estão sob certas condições fisiológicas ou experimentais, elas podem se tornar células com funções especializadas podendo, por exemplo, se diferenciar em células musculares, células produtoras de insulina, entre várias outras.

4 ) Por que há tanta polêmica em torno do uso das células-tronco embrionárias?
Porque, para termos acesso a essas células, deve-se destruir o embrião que está congelado nas clínicas de fertilização.

5 ) Por que os pesquisadores querem usar as células-tronco embrionárias, já que elas são motivos de tanta polêmica?
Os cientistas precisam estudar todas as células-tronco, as adultas e as embrionárias, pois elas têm características diferentes. Isso significa que algumas células podem ajudar em algumas doenças e outras células-tronco em outras doenças. Por exemplo, as células da medula óssea estão sendo usadas com sucesso para as doenças cardíacas, além das doenças hematológicas. Então, para essas doenças, provavelmente não precisaremos usar as células-tronco embrionárias. Mas há outras doenças, com a diabete e lesão de medula espinhal (paralisia), onde as células-tronco da medula óssea (ou outras células-tronco adultas) não têm mostrado bons resultados. Por outro lado, as pesquisas realizadas em animais com as células-tronco embrionárias têm mostrado que essas células poderão ajudar mais no tratamento dessas doenças. Ou seja, entendemos que é importante estudar todas as células-tronco para aprendermos com elas como ajudar a encontrar a curas de algumas doenças e para podermos comparar os resultados obtidos com as diferentes células-tronco.

6 ) A morte encefálica (ou morte cerebral) é o critério para o indivíduo ser declarado morto. Como isso, permite-se que os seus órgãos podem ser doados para transplante. Sendo assim, o início da vida não poderia ser considerado quando as primeiras células nervosas aparecem?
Sim e grande parte dos cientistas ao redor do mundo têm usado esse critério para se sentirem eticamente resguardados para usarem as células-tronco embrionárias, sem que isso signifique destruir um ser humano. Esse fato fundamenta-se na comprovação científica de que as primeiras células do sistema nervoso central só começam a se desenvolver a partir do 14º dia após a fecundação e se esse embrião estiver no útero materno. As células das quais estamos falando referem-se às células do blastocisto, o embrião de 4 e 5 dias, e que estão congelados e foram produzidos por um processo de fertilização assistida. Ou seja, jamais foram ou irão atingir um útero materno. Entendemos, também, que o útero materno é uma barreira intransponível. Se estivéssemos falando de uma fecundação natural, o embrião só atinge o útero após o sexto dia. Mas estamos nos referindo aos embriões que foram produzidos fora do organismo materno e que não foram usados para a implantação no útero. Ou seja, os mesmos encontram-se em um tubo de vidro e estão congelados e, porque os pais não querem mais ter filhos, os mesmo não serão mais usados para gerar um novo ser no útero materno. Portanto, inexoravelmente, esses embriões serão destruídos. Sendo assim, parece mais digno que as células desses embriões, como se fossem doadores de órgãos, sejam usadas para pesquisa, do que permitir que as mesmas sejam descartadas.

7 ) O uso das células-tronco embrionárias pode ser considerado aborto?
Não. A definição de aborto é a retirada do embrião ou feto de dentro do útero ou organismo materno. Estamos falando de embriões que jamais estiveram ou estarão em um organismo materno e que encontram-se congelados em clínicas de fertilização.

8 ) O que diz a lei que permite o uso de células-tronco embrionárias?
A Lei 11.105 de 24 de março de 2005 proíbe (1) a engenharia genética de embriões (quer dizer, a manipulação genética de embriões); (2) a clonagem reprodutiva ou terapêutica; (3) a produção de embriões humanos para outro fim que não a reprodução e (4) a comercialização de embriões humanos. Sendo assim, a lei permite obter células-tronco a partir de embriões, desde que, cumulativamente, esses embriões: (1) sejam excedentes; (2) foram produzidos para reprodução por fertilização “in vitro”; (3) estejam congelados por mais de 3 anos ou que serão descartados por serem inviáveis (inadequados para a implantação) e (4) somente após o consentimento dos genitores e mediante doação.

9 ) O que está sendo discutido no STF (Supremo Tribunal Federal) atualmente, sobre as pesquisas com células-tronco embrionárias, já que elas foram aprovadas em 2005?
Logo após a aprovação da lei em 2005, o antigo procurador geral da república entrou com uma ADIN (ação direta de inconstitucionalidade) para pedir a proibição da lei que autoriza a pesquisa com células-tronco embrionárias humanas. Esse tipo de processo deve ser julgado pela Suprema Corte do Brasil, o que é um caso inédito no mundo. É a primeira vez que a lei sobre uso de células-tronco embrionárias humanas está por ser julgada pela Suprema Corte de um país. Em breve, o STF deverá se reunir novamente para votar a continuidade da vigência da lei ou a sua proibição.
Os pesquisadores estão confiantes que o STF irá votar pela constitucionalidade de lei. Pois, após todo o progresso atingido com os inúmeros debates que resultaram na aprovação da lei, entendemos que a mesma permite o uso das células-tronco embrionárias humanas dentro de limites éticos e morais.

10) Quais as doenças onde as células-tronco já têm mostrado resultados? E a lesão de medula espinhal, já tem resultados promissores?

Doenças cardíacas, hepáticas, doenças auto-imunes, como esclerose múltipla e sistêmica, entre outras, têm mostrado resultados promissores. O nosso grupo de pesquisa da UFRGS, coordenado por mim, Patricia, e pelo professor Carlos Alexandre Netto, têm trabalhado com o uso das células-tronco para doenças como acidente vascular cerebral e lesão de medula espinhal, com boas perspectivas de resultados.