Amebíase
Cisto de Entamoeba histolytica: protozoário responsável pela amebíase
Amebas são
protozoários cuja locomoção se dá via expansões citoplasmáticas –
pseudópodes.
As pertencentes à família Endamoebidae, como as dos gêneros Entamoeba,
Iodamoeba e Endolimax, são parasitas comuns de nossa espécie e têm como
característica o tamanho diminuto e capacidade de formar cistos.
A Entamoeba histolytica é a responsável pela amebíase, embora possa estar presente no organismo sem desenvolver a doença. Esta, de
período de incubação que varia entre 2 e 4 semanas, se caracteriza pela manifestação de
diarreias e, em casos mais graves, comprometimento de órgãos e tecidos. É responsável por cerca de 100000 mortes ao ano, em todo o mundo.
A amebíase é mais comum em regiões onde as condições de saneamento básico são precárias, uma vez que a
forma de contaminação se
dá via ingestão de seus cistos. Estes, liberados nas fezes da pessoa
adoecida, podem se espalhar na água e vegetais que, sem a devida
higienização antes de ser ingeridos, podem causar a doença. Vale pontuar
que a
resistência dos cistos é muito grande: podem viver cerca de 30 dias na água, e 12 em fezes frescas.
Após
a ingestão, no sistema digestório, estas formas dão origem a
trofozoítos. Estes invadem o intestino grosso, se alimentando de
detritos e bactérias ali presentes, causando sintomas brandos ou mais
intensos, como
diarreia sanguinolenta ou com muco e calafrios.
Os
trofozoítos, por meio de sucessivas divisões, podem dar origem a novos
cistos, sendo liberados pelas fezes e dando continuidade ao ciclo de
infecções. Podem, também, invadir outros tecidos, via circulação
sanguínea. Nestas regiões, alimentam-se das hemácias ali presentes,
provocando abscessos no fígado, pulmões ou cérebro.
Note
que, no primeiro caso, o indivíduo pode apresentar o parasita de forma
assintomática, mas também sendo capaz de contaminar outras pessoas ao
liberar os cistos em suas fezes: a maioria dos casos de infecção por
E. histolytica se manifestam desta form
Doença de Chagas
Barbeiro: vetor da doença de Chagas
Em
1909, Carlos Chagas, pesquisador do Instituto Osvaldo Cruz, descobriu
uma doença infecciosa que acometia operários do interior de Minas
Gerais. Esta, causada pelo protozoário
Tripanosoma cruzi, é conhecida como doença de Chagas, em homenagem a quem a descreveu pela primeira vez.
O mal de Chagas, como também é chamado, é transmitido, principalmente, por um
inseto da subfamília Triatominae, conhecido popularmente como barbeiro. Este
animal de hábito noturno se alimenta, exclusivamente, do sangue de
vertebrados endotérmicos. Vive em frestas de casas de pau-a-pique,
camas, colchões, depósitos, ninhos de aves, troncos de árvores, dentre
outros locais, sendo que tem preferência por locais próximos à sua fonte
de
alimento.
Ao
sugar o sangue de um endotérmico com a doença, este inseto passa a
carregar consigo o protozoário. Ao se alimentar novamente, desta vez de
uma pessoa saudável, geralmente na região do rosto, ele pode transmitir a
ela o parasita.
Este processo se dá em razão do hábito
que este tem de defecar após sua refeição. Como, geralmente, as pessoas
costumam coçar a região onde foram picadas, tal ato permite com que os
parasitas, presentes nas fezes, penetrem pela pele.
Estes passam a viver, inicialmente, no sangue e, depois, nas fibras
musculares, principalmente nas da região do coração, intestino e
esôfago.
A transfusão de sangue contaminado e transmissão de mãe para filho, durante a gravidez, são outras
formas de se contrair a doença.
Recentemente descobriu-se que pode ocorrer a infecção oral: são os
casos daquelas pessoas que adquiriram a doença ao ingerirem caldo de
cana ou
açaí moído
contendo, acidentalmente, o inseto. Acredita-se que houve, nestes
casos, invasão ativa do parasita, via aparelho digestivo.
Cerca
de 20 dias após a sua primeira - e última - cópula, a fêmea libera,
aproximadamente, 200 ovos, que eclodirão em mais ou menos 25 dias. Após o
nascimento, estes pequenos seres sofrerão em torno de cinco mudas até
atingirem o estágio adulto, formando novas colônias.
Giardíase
Giardia lamblia
Giardíase
é uma infecção intestinal provocada pelo protozoário Giárdia lamblia
que normalmente atinge em maior proporção o intestino delgado. É
contraída por contaminações fecais e orais, ou seja, pela ingestão de
alimentos contaminados pelo protozoário.
Sintomas
A doença pode permanecer despercebida por até quatro semanas quando inicia um período de:
Diarréia;
Déficit de crescimento;
Distensão e dor abdominal;
Anemia;
Fadiga;
Perca de vitaminas lipossolúveis;
Perca de peso.
Ao apresentar os sintomas, deve-se procurar um
médico para que este faça o diagnóstico correto.
Tratamento
Caso
seja confirmada a doença, que é percebida através da identificação de
cistos ou trofozoítos no exame de fezes, o médico inicia o tratamento
com medicamentos específicos.
Prevenção
Para prevenir
a doença é importante a construção de sanitários adequados, boa higiene
pessoal, consumir somente água filtrada ou fervida e afastar
pessoas infectadas, principalmente de
crianças.
Leishmaniose Visceral
Inseto transmissor da leishmaniose.
A
leishmaniose visceral é uma doença ocasionada pelos parasitas
unicelulares do gênero Leishmania, que acomete os órgãos internos. O
parasita migra aos órgãos viscerais como fígado, baço e medula óssea. A
doença pode afetar também o cão.
A leishmaniose visceral é transmitida ao
homem através da picada do inseto (L.chagasi), que ataca principalmente no início da noite e ao amanhecer.
Os
sintomas da doença são: febre, perda de peso, anemia, inchaço do fígado
e baço, desânimo, prostração, palidez, complicações cardíacas e
circulatórias. Pode ocorrer também tosse, diarréia, hemorragias. Os
sintomas da leishmaniose são fáceis de ser confundidos com os da
malária.
O tempo médio de incubação é de dois a quatro
meses, podendo variar de dez dias a dois anos. O progresso da doença é
extremamente variável. Quando não tratada, pode levar a morte. É
infecciosa, porém não é transmitida de uma pessoa a outra por contato
imediato; de um animal para uma pessoa. O diagnóstico é confirmado
através de exames laboratoriais.
A doença, antes considerada da área rural, é de difícil controle e tem crescido rapidamente nos centros urbanos.
Taxoplasmose
Toxoplasma gondii
A
toxoplasmose é uma doença infecciosa bastante comum, pode ocorrer em
qualquer idade e é causada por um protozoário chamado Toxoplasma gondii.
Possui os índices de prevalência mais altos do
mundo e em
saúde pública é mais séria do que a AIDS.
Possui
as seguintes vias de transmissão: ingestão de cistos na carne crua ou
mal cozida de animais portadores, em humanos é a forma mais comum de
contaminação; ingestão de oocistos oriundos de fezes de gatos se dá pelo
contato com o solo ou verduras contaminados ou por manusear areia;
infecção transplacentária, ocorre através da placenta quando a gestante
tem seu primeiro contato com o toxoplasma e este ataca o feto.
Os
sintomas mais comuns são febre, mal-estar e dores musculares e podem
persistir por alguns dias e até semanas. O diagnóstico é pouco
fidedigno, pois os sintomas são parecidos com os da gripe, sendo
basicamente sorológico, pois cerca de 90% dos casos são assintomáticos.
As
formas de prevenção são: cozinhar bem a carne; lavar bem as mãos,
utensílios, e superfície depois do contato com a carne crua; lavar bem
frutas e verduras; evitar leite cru.
A toxoplasmose se manifesta freqüentemente no cérebro e nos
olhos. O tratamento é à base de antibióticos como as sulfonamidas, pirimetamina e clindamicina.
Balantidiose
Cisto do Balantidium coli
O
Balantidium coli é
o nome científico dado ao único protozoário ciliado que pode parasitar o
homem. Foi visto pela primeira vez por Malmsten, em 1857, em dois
doentes com disenteria. Ele pode ser encontrado principalmente em
porcos, mas também já foram verificados em chimpanzés, macacos, cães e
ratos. Sua morfologia apresenta duas formas, trofozoíto e cisto. O
trofozoíto é recoberto por cílios e possui várias organelas. O cisto é
esférico e possui parede lisa. O trofozoíto é a forma infectante do
protozoário, e pode resistir no ambiente por 10 dias a 22ºC, enquanto o
cisto é a forma duradoura ou resistente do mesmo e pode resistir muito
mais, principalmente permanecendo em fezes úmidas.
Ele é cosmopolita, ou seja, é encontrado mundialmente, embora comumente verificado entre aquelas
pessoas com convívio muito próximo de suínos. Pois é o porco a fonte natural de infecções humanas.
O
B. coli habita
a luz do intestino grosso do hospedeiro, se alimentando de amido e
bactérias. Possui dois tipos de reprodução, sexuada ou assexuada, e é
transmitido pela ingestão de cistos presentes nas mãos, alimentos ou
água contaminados por cistos ou trofozoítos, que geralmente chegaram ao
homem por meio de fezes suínas. Pode provocar necroses e úlceras se a pessoa possuir alguma lesão anterior ao protozoário.
Os
sintomas, quando presentes, variam entre diarreia, disenteria (fezes
com muco e sangue), dor abdominal, fraqueza, febre dentre outros. E para
que seja confirmado o diagnóstico, deve-se fazer exame de fezes em
busca de evidências.
Por isso é necessário que além da
higiene habitual com alimentos, sua fervura, a ingestão de água somente
filtrada ou fervida e o saneamento, deve-se ter boas condições
sanitárias para os suínos, que são a principal fonte de contaminação,
além do tratamento dos infectados.
Doença do ''Sono''
Mosca que transmite a doença do sono
A
doença do sono ou também conhecida como tripanossomíase africana, é uma
doença parasitária infecciosa transmitida pela mosca tsé-tsé do gênero Glossina,
que vive e se reproduz em zonas rurais com áreas pantanosas, savanas e
florestas do continente africano. As moscas entram em contato com
pessoas residentes em aldeias, pois estão muito próximas a essas áreas.
A
interação entre homem e mosca tsé-tsé é ainda mais visível em razão do
crescimento da densidade de moscas, da mudança de hábitos alimentares e
da expansão do desenvolvimento humano nas áreas infestadas pelo vetor. É
importante salientar que o parasita não possui uma preferência racial
nem sexual, e sua exposição pode ocorrer a qualquer momento.
A
mosca tsé-tsé pica uma pessoa introduzindo o tripanossoma (protozoário
flagelado que fica na saliva da mosca) na corrente sanguínea. Então o
parasita se reproduz no sangue, passa para o sistema linfático e então
para o sistema nervoso. Após a picada, o parasita se reproduz e
dissemina-se durante uma a três semanas. O ciclo continua quando outras
moscas não contaminadas se alimentam de sangue das pessoas que possuem o
tripanossoma na corrente sanguínea. O parasita então se multiplica no
corpo da mosca e segue em direção às glândulas salivares do inseto.
Quando esse inseto se alimentar, transmitirá a doença para outra pessoa.
Além disso, existem dois tipos de parasitas: o Trypanosoma brucei rhodesiense, que causa a tripanossomíase africana do leste e é transmitida por Glossina morsintans, forma mais aguda da doença; e oTripanosoma brucei gambiense, que causa a tripanossomíase africana do oeste e é transmitida pela Glossina palpalis,
forma crônica da doença. A doença afeta áreas do centro e sul da África
e como são casos relativamente isolados, ainda é pouco compreendida.
Provoca
sintomas como sonolência, além de dor de cabeça, febre, sudorese,
tremores, dores nas articulações e nos músculos, linfadenopatia, anemia,
edemas, apatia, chegando a problemas neurológicos graves com confusões
mentais como medo e alterações de humor e convulsões epilépticas,
inflamações no cérebro e nas meninges, e posteriormente, ocasionando o
coma e a morte. A morte pode ser rápida, com tempo de progressão da
doença inferior a seis meses, quando a pessoa estiver contaminada com o
parasita Trypanosoma brucei rhodesiense, ou pode ocorrer entre seis meses e seis anos, se infectado com o Tripanosoma brucei gambiense. Pode ocorrer transmissão congênita, causando retardo psicomotor.
Seu
diagnóstico é efetuado por meio de detecção dos parasitas no sangue ou
na linfa e o tratamento deve ser rapidamente iniciado. Após o parasita
invadir o sistema nervoso central, as opções de tratamento, assim como a
probabilidade de sobrevivência, diminuem.
Umas das
formas do combate à doença é a utilização de roupas que cubram bem a
pele, principalmente durante o dia, devido ao hábito diurno das moscas
do gênero Glossina. O uso de repelentes e a erradicação do vetor
também são medidas profiláticas. Deve-se ter bastante cuidado na
transfusão de sangue, pois, embora raro, pode ocorrer transmissão da
doença, assim como em acidentes laboratoriais.
Leishmaniose
Mosquito vetor da doença.
A
leishmaniose é uma doença provocada pelos parasitas unicelulares do
gênero Leishmania. Existem três tipos de leishmaniose: visceral, que
ataca os órgãos internos, cutânea, que ataca a pele, e mucocutânea, que
ataca as mucosas e a pele. É uma doença que acomete cães, lobos,
roedores silvestres e o homem.
A transmissão ocorre por
meio da picada de insetos específicos (Lutzomyia longipalps) conhecidos
no Brasil como mosquito-palha, birigui e outros. O contágio não é feito
de pessoa para pessoa.
O período de incubação pode variar de dias a meses.
A
leishmaniose visceral, também conhecida por calazar, tem um período de
incubação de vários meses a vários anos. As leishmanias danificam órgãos
como o baço, o fígado e a medula óssea. Os sintomas são: febre,
tremores violentos, diarréia, suores, mal estar, fadiga e algumas vezes
manifestações como úlceras e zonas de pele escura.
A
leishmaniose cutânea é a forma mais comum de leishmaniose. É uma
infecção de pele causada por um parasita unicelular, que dá origem a uma
mancha vermelha ou um nódulo.
A leishmaniose
mucocutânea ocorre a partir de uma lesão cutânea inicial, os parasitas
podem se disseminar pela mucosa da boca ou do nariz. Em alguns
pacientes, esse tipo de leishmaniose pode levar a desfiguração facial.
O
diagnóstico é realizado pela observação direta microscópica dos
parasitas em amostras de linfa, sanguíneas ou de biopsias de baço.
A
prevenção da doença consiste na proteção contra as picadas dos insetos,
fazendo uso de repelentes de insetos, roupas adequadas, telas nas
aberturas e mosquiteiros ao redor das camas.
Malária
Mosquito Anopheles: hospedeiro da malária
A
malária, também conhecida como paludismo, é uma doença infecciosa aguda
ou crônica ocasionada por protozoários parasitas do gênero Plasmodium,
transmitidos pela picada do mosquito Anopheles. Quatro espécies do
Plasmodium podem ocasionar a infecção: Plasmodium falciparum, Plasmodium
vivax, Plasmodium malariae e Plasmodium ovale.
A malária é um problema de
saúde pública
em mais de 90 países, onde cerca de 40% da população mundial vive em
áreas de risco, afetando 300 milhões de pessoas no
mundo a cada ano.
No
Brasil, principalmente na região amazônica, são registrados 500 mil
casos de malária por ano, mas apenas 0,1 % dos doentes morrem devido à
doença.
O contágio da malária é por meio da picada das
fêmeas de mosquitos do gênero Anopheles. Geralmente o contágio acontece
em áreas rurais, semi-rurais e periferias de áreas urbanas. Esse
mosquito tem maior
atividade durante a noite, e se prolifera em águas paradas.
Raramente a malária pode ser transmitida a partir de transfusões de sangue, de transplantes de órgãos, da gestante para o
filho e
por compartilhamento de seringas. Todas as espécies do Plasmodium
acometem células do fígado e glóbulos vermelhos, que são destruídos
quando o protozoário as utiliza para se reproduzir.
O
período de incubação, intervalo entre a picada do mosquito e o
aparecimento dos sintomas, varia de 12 a 30 dias. Inicialmente, a
malária manifesta sintomas como dor de cabeça, dor no corpo, tremores e
calafrios. Em seguida, os tremores e calafrios são mais intensos,
acompanhados de febre de 40º ou mais.
Uma das formas de
prevenção da malária é evitar a formação de criadouros de mosquitos,
abrindo valas em lugares onde possa existir acúmulo de água.
Tricomoníase
Protozoário Trichomonas vaginalis
A
tricomoníase é uma doença sexualmente transmissível, causada pelo
protozoário Trichomonas vaginalis, tendo como reservatório a vagina e a
uretra.
O tricomonas é um parasita eucariota flagelado que possui quatro ou cinco flagelos e membrana ondulante.
A principal forma de propagação do protozoário é através de secreções durante o contato sexual.
A infecção pode ser assintomática no homem e na mulher.
Os
sintomas são: corrimento amarelo esverdeado com mau-cheiro, prurido
e/ou irritação vulvar, dor pélvica (ocasionalmente), desconforto ao
urinar, dor durante a relação sexual.
Os homens
normalmente não apresentam sintomas e não sabem quando estão infectados,
porém raramente poderá ocorrer corrimento, dor ou ardor ao urinar,
irritação ou coceira no pênis.
O período de incubação é de 10 a 30 dias, em média.
A tricomoníase é diagnosticada pelo exame do fluído vaginal ao microscópio.
Como se trata de uma doença sexualmente transmissível, o tratamento deve ser feito pela mulher e seu parceiro sexual.
Mesmo em casos nos quais a pessoa portadora da doença, não apresenta sintomas, ela pode transmitir a infecção.
O
tratamento é à base do medicamento metronidazol por via oral. É
importante evitar bebidas alcoólicas 24 horas antes, durante e após
tomar o metronidazol. Pois pode provocar dor de cabeça, vômitos e
tonturas. Não é aconselhável fazer uso do medicamento nos três primeiros
meses de gestação.
Uma forma de prevenir a doença é usando camisinha masculina ou feminina nas relações sexuais.